Oi pessoal, tudo certo por aí?
Bom, por aqui, eu ainda estou super cansada porque acompanhei a procissão do Círio ontem. Foi tudo muito lindo. Mesmo. Mas o cansaço é inevitável.
Porém, como prometido, cá estou para postar a segunda parte do primeiro capítulo do meu novo livro.
Quem ainda não leu, pode ler a primeira parte aqui.
Por favor, não esquecem de comentar, a opinião de vocês é muito importante. Espero que gostem.
Continuando...
Ela agia como se eu fosse apenas mais um garoto. Não o astro, o mais bonito, o mais rico e todas essas coisas que eu era.
Estava sempre sozinha, lendo mangá. Tinha um corte de cabelo e usava roupas que me lembravam garotas japonesas, o que me fazia ter absoluta certeza de que ela não era normal.
Apesar dos pesares a turma de espanhol era minha favorita. Tinha a maior concentração de garotas bonitas por metro quadrado, conseguindo bater a turma de matemática, na qual eu assistia aula com Summer.
Enquanto o senhor García começava a aula, procurei prestar atenção em Rebeca, afinal esse era o último semestre do ensino médio e que eu me lembre ela nunca me dirigiu a palavra.
Analisando bem, até que ela não era feia. Tinha o cabelo bastante desfiado, na altura do ombro. Negro e liso. E, pelo que me lembro da última vez em que a olhei, seus olhos também são negros.
Isso me faz pensar que... Caramba! Eu quase não peguei meninas morenas!
Quer dizer, não desde que me mudei para Califórnia. Porque, aqui, é quase uma regra ser loura e bronzeada. Ah, e claro, ter uma ou duas cirurgias plásticas para consertar pequenos defeitos.
Mas, voltando a Rebeca, ela não era bronzeada. Era até um pouco pálida. Talvez não saísse de casa.
Apoiei-me um pouco nos cotovelos para checar o que tinha em sua mesa e me deparei com um exemplar de Vampire Knight embaixo de seu caderno, customizado, com uma imagem da Sakura.
Há coisa mais irritante e infantil que desenhos e quadrinhos japoneses? Não me admira o fato dela viver sozinha. Com um gosto desses...
Ela pareceu perceber que eu a observava, pois se ajeitou na cadeira, ficando em uma posição que encobria totalmente minha visão.
Feito isso, resolvi me concentrar em outra coisa, como na garota atrás de mim que cutucava meu braço com um bilhete dobrado em forma de triângulo. Olhei para trás com o meu mais belo sorriso e constatei que era bem melhor me concentrar nisso do que em Rebeca.
Eu não costumava ficar com garotas da escola, afinal eu namorava Summer e tinha que manter as aparências. Mas, vez ou outra, gostava de alimentar as esperanças de uma ou duas, para me garantir caso as coisas com Summer não dessem certo.
O que era praticamente impossível de acontecer. Summer era louca por mim e vaidosa demais para deixar escapar o cara que suas amigas (e inimigas) tanto desejavam.
Minhas quatro primeiras aulas passaram tão rápido que nem percebi e logo me vi caminhando para o refeitório, pensando na conversa chata que teria com minha namorada.
Mal entro no ambiente e dou de cara com ela.
Ela me fita, tentando parecer furiosa, mas não conseguindo esconder o alívio nos olhos.
— Oi meu bem — me inclino para beijá-la, mas ela vira de costas.
Respiro fundo. Ela está absolutamente linda, com uma camiseta colada e uma saia no meio da perna. Nem curta, nem comprida demais. Um salto alto, que bate no chão sem parar.
Toco seus ombros e percebo que ela amolece, aproveito a deixa e digo em seu ouvido:
— Me desculpe amor, mas achei que você fosse sair com suas amigas ou algo assim. Isso não se repetirá.
Ela vira para mim, sorrindo, seus dentes absurdamente brancos depois do último clareamento.
— Certo gatinho, mas que isso não se repita — diz, me dando um beijo rápido.
Ela pega minha mão e me arrasta para sua mesa. Seus movimentos sempre perfeitamente calculados, como se posasse para fotos a todo instante.
Sentamos e ela continua sua conversa sobre a mais nova coleção da Zara, enquanto eu e os garotos falamos da estratégia para o próximo jogo.
Nunca se pode esperar conversas construtivas ou importantes na mesa dos populares. Apesar de fazer parte deles, sei admitir isso.
Tom entra no refeitório e vem sentar ao nosso lado. Mas, não preciso fazer muito esforço para saber que ele não está interessado, e muito menos ligado, na nossa conversa.
— Josh — Summer quase se joga pra cima de mim —, conta pra gente como foi em Washington D.C. — ela pisca.
Ótimo, estava demorando! Tom me olha com expressão que poderia significar “o quê?” e eu apenas rio. Summer sempre precisa se justificar para suas amigas.
— Chato! — respondo, passando a mão nos cabelos. — Afinal, todo mundo sabe que eu prefiro a Califórnia. — Completo, puxando-a para mais perto e beijando-a.
— Meu namorado não é um príncipe? — ela diz, olhando para as amigas.
Todas concordam e eu volto a me concentrar na minha conversa, sob o olhar de reprovação de Tom.
Quando toca o sinal anunciando o fim do almoço eu e Summer nos levantamos e caminhamos para aula de matemática.
Entramos na classe do Sr. Smith e nossos lugares estão lá, intocados, os dois primeiros da frente onde ninguém nunca ousa sentar.
Antes que o professor pudesse terminar de falar da grande porcaria da geometria, Summer me passou, disfarçadamente, um bilhete muito bem dobrado.
Não quis responder antes, mas é claro que aceito seu convite para mais tarde.
Não me surpreendi. Ela sempre era assim. Fazia-se de difícil, mas no final amolecia rapidinho.