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3.10.11

[Texto de segunda] Como Ser Uma Garota

Oi gente, hoje eu vou fazer um post diferente. Em vez de postar um texto, vou postar uma parte do primeiro capítulo do meu novo livro e na semana que vem posto a outra parte. Pode ser? Espero que gostem.
Primeiro a sinopse, lógico rs: Josh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muito bem, com uma bolsa já garantida na Universidade, festas todos os fins de semana e, claro, meninas. Muitas meninas, quando em uma noite estranha ele dorme como um homem e acorda como uma mulher. Agora Josh terá que aprender como ser uma garota enquanto tenta resolver toda essa confusão.


1

— Josh, será que dá pra se apressar, vamos nos atrasar!

Tom, meu melhor amigo tentava me apressar. Em vão, é claro.
Essa é uma das coisas negativas de ser o cara mais popular da San Diego High School. Tenho que manter uma imagem. O que sempre me ocupa cerca de meia hora em frente ao espelho e um atraso de cerca de cinco minutos, que Tom considera uma eternidade.
— Da próxima vez que eu deixar meu carro na oficina, me lembre de não pedir carona pra você — ele bufou, enquanto eu descia as escadas.
— Relaxa Tom — eu entrei no carro e chequei meu cabelo no espelho retrovisor — você está comigo.
Tom revirou os olhos. Chamar-me de narcisista era o que ele mais fazia desde que havia entrado para o clube de xadrez.
Agora que ele estava tentando ser um cdf, mal saía com a galera e sempre estava dando papo para um nerd qualquer, além de tentar me mudar a cada instante.
Desde que seu boletim havia ficado mais vermelho do que a bandeira nacional, sua mãe havia decretado que ele deveria se esforçar mais. Só não achei que ele fosse levar tão a sério.
Assim que chegamos à escola ajeito meu cabelo mais uma vez, fazendo uma anotação mental: tenho que cortá-lo. Coloco meus óculos escuros, a jaqueta de couro, abro um enorme sorriso e saio do carro, arrancando suspiros de três garotas que passavam. Algo já natural pra mim.
Coloco o alarme no meu Porsche vermelho e caminho, apressando um pouco o passo para alcançar Tom.
— Temos história agora, certo?
— Se você se importasse com outras coisas além de garotas e sua aparência, saberia.
— Bom — eu rio — com o que mais eu deveria me preocupar?
— Com a escola, por exemplo — ele dispara. — Ah, esqueci, você é rico e emancipado.
— E você é muito pobre, não? – Levanto uma sobrancelha. — Já te disse Tom, esses nerds estão te fazendo mal.
— Deixa pra lá, você não entende mesmo.
Tom apressa ainda mais o passo para entrar antes que a senhorita Stewart feche o portão. Faço o mesmo.
Quando dobramos o corredor e entramos na classe de história o Sr. Black já está lá. O que não me surpreende, afinal, esse homem parece não ter vida. Sempre chega antes de todo mundo e, claro, sempre enche minha paciência.
— Bom dia senhor Bennett e senhor Reed, pelo menos dessa vez conseguiram chegar antes de abrirmos os livros.
Tom se desculpa e eu faço questão de ignorar o que o professor acabou de dizer.
Dirigimos-nos para as duas cadeiras ao fim da sala e sentamos.
Tom abre seu livro e procura se concentrar na aula. O olho incrédulo. Realmente meu amigo mudou.
Como estou totalmente sem paciência para ouvir algo sobre a segunda guerra mundial pego meu celular, pensando na desculpa que contarei a Summer por não ter dado notícias no fim de semana.
Me desculpe gatinha, tive que visitar meus pais esse fim de semana. Mas podemos aproveitar hoje à noite. Te amo.
Certo, essa não foi a melhor das desculpas, mas foi a melhor que encontrei.
Visitar meus pais que moram em Washington D.C. é um excelente motivo para sumir por três dias e Summer nunca foi uma garota das mais espertas. Não preciso me esforçar muito para dobrá-la.
Ah, agora você lembra que tem namorada? Não poderia me avisar, ligar, mandar um torpedo, o que fosse, para não me deixar preocupada? Precisamos conversar Josh Bennett!
Sempre que Summer me mandava uma mensagem dizendo que precisávamos conversar eu já sabia o que estava por vir. Choro, lamentações e todo o drama que só ela sabia fazer, mas bastava um tarde no shopping, um presente caro ou uma noite na minha casa para ela esquecer tudo isso.
Sim, ela era bastante superficial. Mas o que tinha de fútil, tinha de bonita.
Era a garota mais bonita da escola. Com os cabelos longos e dourados que poderiam muito bem ser modelo de um comercial de xampu, os olhos azuis escuros emoldurados por longos cílios sempre cobertos por várias camadas de rímel, além é claro, de sua boa estatura e o bronzeado típico da Califórnia.
Era chefe das líderes de torcida e desejada por onze entre dez garotos do colégio.
Fazia todo o sentido o astro do time de futebol namorar uma garota assim e esse era um dos motivos para eu continuar com ela.
 Conversamos no refeitório está bem? Ou prefere mais tarde?
Respondi, assim que o sinal tocou anunciando o fim da aula.
Agora eu tinha espanhol. Tom tinha inglês, por isso seguimos para salas diferentes.
Refeitório! E nem pense em fugir de mim.
Summer respondeu, quando pensei que não mais responderia.
A julgar pela demora, ela havia ficado balançada e estava considerando as opções, o que significava que eu tinha ganhado mais essa.
Entrei na sala dando “bom dia” para o Sr. García. Olhei em volta feliz em não ter que sentar atrás novamente.
A quarta carteira, na fila da parede, estava vazia. Resolvi sentar lá. Bem atrás de Rebeca White, a única garota desse colégio que não me dava a menor bola.
Não que eu me importasse, afinal tinha uma infinidade de garotas muito mais bonitas que ela que dariam tudo para ficar comigo. Mas o modo como ela me evitava, como era absolutamente indiferente a tudo ligado a mim me intrigava um pouco.