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2.1.12

[Texto de Segunda] Como Ser Uma Garota capítulo II

Oi pessoal, tudo bom?
Feliz 2012 meu povo \o/
Espero que esse ano o blog cresça ainda mais.
Para comemorar a entrada do ano, vou postar o segundo capítulo do meu livro mais recente. O primeiro já foi postado no blog e você pode conferir aqui e aqui.
Então, vamos logo ao que interessa pessoal?

Capítulo II

No último tempo eu tinha aula de educação física, minha aula preferida.
Mais uma aula junto com Rebeca, além de espanhol e meio ambiente.
Era evidente que ela não tinha nenhuma habilidade para esportes, mas que eu me lembre, ela nunca inventou desculpa alguma para matar aula. Sempre estava lá, mesmo que desengonçada.
No momento ela estava na pista de salto em distância. Não consegui conter o riso quando percebi que ela levantou bastante areia para uma distância tão curta.
Só voltei a mim quando algo bateu bem forte na minha barriga.
— Presta atenção Josh! —  Derek, o zagueiro do time, gritou.
Quando caí e o ar começou a me faltar é que lembrei que estava jogando futebol.
— Bennett, está bem? — treinador Rink perguntou pra mim.
— Eu acho que sim treinador...
— Acho melhor você ir pra enfermaria. Miller, Brand, levem Bennett até lá, por favor.
— Não precisa treinador, vou sentar um pouco na arquibancada, vou ficar bem.
Tirei meu capacete e caminhei lentamente para a arquibancada, tentando inalar o máximo de ar possível.
Baixei a cabeça e fui melhorando ao poucos. Aposto que meu aspecto corado já devia estar voltando.
Levantei a cabeça e levei um susto ao ver Rebeca White ao meu lado.
Quer dizer, não exatamente ao meu lado, mas sim na mesma altura em que eu estava sentado, a alguns metros de distância.
Sem saber o porquê, resolvi ir falar com ela. Afinal, era nosso último semestre como colegas de turma.
— Oi — disse, com aquele sorriso “conquista garotas” que sempre usava.
Ela continuou lendo seu mangá, como se eu não estivesse ali.
— Oi — pigarreei — Rebeca.
— Hã? — ela levantou os enormes olhos cor de jabuticaba do pequeno livro e me encarou. — Você ta falando comigo?
— Bom — passei as mãos nos cabelos bagunçados e molhados de suor. — Tem mais alguma Rebeca aqui?
— Não sei — ela deu de ombros. — Mas tenho certeza que não há ninguém nessa escola, quiçá em San Diego, mais exibido que você.
Opa. Eu realmente fiquei sem saber o que dizer.
Quem essa garota que parece ter saído de um mangá pensava que era?
— Mas sim, conta logo vai — ela me mostrou o livro. — Tenho mais o que fazer.
— Contar... O quê? — Eu não fazia idéia de onde aquela garota queria chegar.
Ela soprou para cima, levantando sua franja tão desfiada quanto o resto do cabelo.
— Conta logo qual é a aposta — ela revirou os olhos. — Ou vai dizer que o grande astro Josh Bennett cansou da realeza e resolveu falar com a plebe?
— Aposta? Você só pode estar ficando maluca! Não preciso de apostas para falar com ninguém. Só quis ser gentil.
— Desculpe desapontá-lo Bennett — ela disse meu sobrenome de uma forma que me incomodou. — Mas você e a palavra gentil são duas coisas que não combinam.
Eu permaneci calado, enquanto ela continuou.
— E, se não se importa, tenho um mangá para terminar. — Ela completou com um sorriso que, apesar de tudo, era encantador.
Eu apenas dei as costas e voltei ao lugar que estava sentado.
Garota maluca essa! Por isso que ninguém falava com ela. Deve tratar todo mundo dessa maneira.
Eu ainda bufava quando a aula terminou e a vi pegar suas coisas e sumir rapidamente.
Summer e Tom apareceram em seguida.
— Podemos ir? — Summer já se enroscava no meu braço.
— Só vou tomar uma ducha. Você e Tom podem esperar, não podem?
— Sim — ambos responderam.
Fui para o banheiro com uma infinidade de pensamentos.
A barriga ainda doía um pouco por conta da bolada, mas o que mais doía era meu ego. Por mais que eu não quisesse admitir.
Rebeca White era realmente diferente de qualquer garota desse colégio. Ela havia conseguido me intimidar, como nenhuma outra e eu fiquei bastante intrigado com isso.

— Você só pode estar de brincadeira! — Tentei falar o mais baixo que consegui.
— Eu tentei te avisar na escola — Tom carrega uma expressão de desculpas. — E também não fazia idéia de seus planos com Summer.
Estávamos na minha casa.
Eu, ele e Summer. Os pais de Tom precisaram viajar com urgência para Sacramento, a fim de resolver problemas de negócios.
Então, justo hoje, meu melhor amigo tinha me avisado que precisaria dormir na minha casa, o que significava que minha noite com Summer estava arruinada.
— Não se preocupe — dei de ombros. — É claro que você pode ficar. Eu me resolvo com Summer.
No fim, acabamos assistindo um filme.
Summer voltou para sua casa, ainda um tanto irritada e só me restava ficar em casa com Tom.

— Ah Josh que droga! — Tom me balançava sem parar. — Acorda logo vai!
— Hã? O quê? — Eu procurei por meu cobertor, mas não o encontrei.
— Você faz idéia de que horas são? Vou te esperar lá embaixo e se não descer em trinta minutos vou embora sozinho!
Ele saiu do quarto, batendo o pé.
Levantei-me totalmente sem vontade. Acordar cedo era uma coisa que tinha abolido da minha rotina desde que tinha saído de Washington D.C..
Afinal, durante quinze longos anos eu acordava com as galinhas. Ser filho de políticos que estão sempre com pressa dá nisso.
— Pronto, satisfeito? — disse, descendo as escadas em dez minutos, sabendo que estou mais bagunçado que o normal.
— Nossa, finalmente a cinderela vai sair no horário certo — ele riu.
Ignorei a piadinha dele. Meu mau humor não me deixava formular uma resposta à altura então prefiri ficar calado.
Enquanto Tom abria o portão da garagem, arranquei com o carro, olhando o retrovisor e vendo-o protestar.
Parei um pouco à frente. Não tinha a intenção de deixá-lo, mas queria vê-lo correr um pouco para pagar o fato de ter me chamado de Cinderela.
Ele correu e entrou no carro, batendo a porta bem forte.
— Ow — olhei para ele, tentando controlar o riso. — Não derrube a porta ok?
Tom colocou o cinto e permaneceu calado, enquanto eu olhei no retrovisor, fazendo o que podia para ajeitar meu cabelo e dei a partida.

— Josh! – Eu mal desci do carro quando Summer veio correndo e me deu um beijo daqueles!
Eu retribui, é claro, e os minutos pareceram não passar enquanto nossos lábios se encontravam.
Quando ela finalmente me soltou, eu disse:
— Nossa! A que devo essa recepção super calorosa?
— Nada. Eu só estava com saudade — ela disse, indo em direção a minha orelha, mordiscando-a.
Eu tentei resistir à tentação e me recompus.
Summer me puxou pela mão, como sempre fazia, e me levou para onde toda a galera estava sentada.
— Então Josh — Derek perguntou, assim que cheguei com Summer. — Ansioso para as finais?
É incrível como de um tempo para cá meus amigos só sabiam falar das finais do estadual.
Eu tentava me concentrar em outras coisas, até como forma de conter o nervosismo, mas sempre alguém tinha que tocar nesse assunto.
— Na verdade — tentei soar o mais casual possível. — Estou mais preocupado com a formatura. É nossa última chance de ser adolescente.
Todos riram e pareceram concordar enquanto eu ficava feliz por ter jogado o assunto “finais” para escanteio.
Tom passou direto por nós e todos pareceram perceber o modo como ele nos evitava.
— Qual o problema de Tom? — Taylor, uma das amigas de Summer perguntou.
— Ele está tentando melhorar as notas, por isso está andando com os nerds.
Ela deu de ombros, mostrando que não se importava, mas no fundo eu sabia que ela sentia algo por ele.
Assim que tocou o sinal cada um foi para sua sala, sendo que eu e Derek entramos na mesma.
Nos dos primeiros períodos tivemos a aula mais chata do século e depois de um tempo, que pareceu uma eternidade, eu me vi caminhando a passos lentos para a aula de meio-ambiente.
Antes passei no meu armário, para pegar meus livros, e me vi altamente tentado a ir embora e pegar uma praia.
Eu precisava surfar o quanto antes.
Mas tão logo essa vontade veio, foi embora. Eu não podia matar aula.
Por mais que eu seja emancipado, isso é mais na teoria do que na prática. Ainda dependo dos meus pais para muitas coisas e, mesmo que esporadicamente, eles ainda conferem minhas notas e minha freqüência na escola.
Então, por mais que eu queira estar em qualquer lugar que não seja a escola, tenho que ir para classe da Sra. Miller e escutar, ou pelo menos fingir que escuto, ela falar da Amazônia e sua biodiversidade, patrimônio mundial e blá, blá, blá pela centésima vez.
Entro, dando “bom dia” e sendo simpático como de costume e procuro sentar o mais longe possível de Rebeca White. Essa menina é maluca e, definitivamente, eu não quero mais contato com ela.
Tentei ser gentil e bonzinho uma vez, se ela não quis, azar o dela.
Ela estava sentada na fila da parede, como sempre.
Essa menina tinha algum tipo de fascínio por paredes. Qualquer sala que estejamos ela senta do mesmo lado e no mesmo lugar: a terceira fila da parede à esquerda.
Eu sentei do lado oposto e me concentrei em uma tarefa super difícil: não dormir.
— Muito bonito senhor Bennett! — Sra. Miller esbravejava ao meu lado, o que significava que eu tinha fracassado na minha tarefa.
Que. Droga!
Eu iria acabar com o Tom por ter me feito sair de casa mais cedo.
— Mas, pelo menos, a Srta. White vai ter companhia na detenção! — Ela apontou para Rebeca, que soprava a franja, ao seu lado. — Pra lá agora. Os dois.
Levantei-me tentando não demonstrar a raiva que me consumia. Eu iria perder meu almoço em uma porcaria de detenção e por ter dormido... O quê? Dez minutos?
A Sra. Miller não podia ter feito isso comigo! Ainda mais tendo Rebeca White como companhia!